quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

SÉRIE CHICO XAVIER - CHICO E OS ANIMAIS



Quando entrou em casa (após voltar do trabalho), encontrou seu cachorro de estimação, Lorde, agonizando na cozinha. Ele se contorcia, revirava os olhos e, com o rabo entre as pernas, gania. Lucília e Dália acompanhavam o sofrimento à distância. Chico se ajoelhou e, sacudido por soluços, descreveu uma cena invisível: um outro cão, vindo do além, lambia o companheiro para atenuar seu sofrimento nos últimos momentos.

Um ano depois, o rapaz comentou em conversa com amigos, diante das irmãs:

- Eu tinha um cão maravilhoso. Mas, como ele fazia xixi pela casa inteira, Dália e Lucília acharam melhor envenená-lo.

As duas coraram. Chico fingiu ter se conformado. Na verdade, ficou chocado com o assassinato do cachorro. Era fascinado por animais. Encarava os bichos como irmãos caçulas do homem e cuidava deles com obstinação. Até mesmo quando assumia o papel de pescador. Numa tarde, vencido pela insistência dos amigos, aceitou um convite para pescar. Pôs o chapéu na cabeça e, ao lado dos companheiros, tomou o rumo do ribeirão. Sorridente, acomodou-se em um barranco e lançou a linha na água. Seus vizinhos fisgavam um peixe depois do outro. Nenhum lambari se aproximava de Chico. Um dos amigos estranhou tanta falta de sorte. Chico acabou confessando: não tinha colocado isca no anzol para “não incomodar os bichinhos”.


(SOUTO MAIOR, Marcel. As vidas de Chico Xavier. 2ª Ed. São Paulo: Planeta do Brasil, 2003. p. 128)

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