segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

SÉRIE ALLAN KARDEC - MISSÃO DE KARDEC

(Por Alessandra Mayhé)

Espírito Protetor
No livro “Obras Póstumas”¹, Rivail nos conta, em dezembro de 1855, que tinha dúvidas com relação ao fato de ter ou não ele mesmo um espírito protetor. Em suas observações, ele comenta a ingenuidade das suas perguntas explicando-as com o fato de ser ainda muito novato nos assuntos referentes ao mundo espiritual. Porém, a resposta que obtém dos espíritos é positiva, e junto com ela vem a indicação de que algo maior ainda lhe seria revelado.
Rivail — Quando, faz algum tempo, evocamos S. e lhe perguntamos se poderia ser o gênio protetor de um de nós, ele respondeu: “Mostre-se um de vós digno disso, e estarei com esse; Z. vo-lo dirá.” Julgas que eu poderei merecer esse favor?
Espírito — Se o quiseres.
Rivail — Que me é necessário para isso?
Espírito — Fazer todo o bem que possas e suportar com coragem as penas da vida.
Rivail — Pela natureza da minha inteligência, terei aptidão para penetrar, tanto quanto ao homem for permitido fazê-lo, as grandes verdades acerca do nosso destino futuro?
Espírito — Sim, tens a aptidão necessária, mas o resultado dependerá da tua perseverança no trabalho.
Rivail — Poderei concorrer para a propagação dessas verdades?
Espírito — Sem dúvida.
Rivail — Por que meios?
Espírito — Sabê-lo-ás mais tarde; enquanto esperas, trabalha.
Poucos meses depois, porém, seu espírito protetor se fez presente, a princípio manifestando-se através de ruídos na parede enquanto Rivail trabalhava. Mme Rivail, ao chegar a casa mais tarde, também as ouviu, porém nenhum dos dois conseguiu localizar a causa das tais pancadas.
Em sessão no dia seguinte na casa do Sr. Baudin, Rivail aproveita para perguntar sobre o que acontecera no dia anterior. A resposta foi clara e objetiva: - “Era o teu espírito famíliar.” – Disse-lhe o espírito comunicante, na ocasião.
O “espírito familiar”, ou guia, apresentou-se a Rivail como sendo a Verdade, e disse haver feito os ruídos para chamar a atenção de Rivail sobre o que ele escrevia naquele momento. Solicitou-o que relesse o que havia escrito, indicando-lhe inclusive as linhas que deveria reler. E quando perguntado sobre o porquê de utilizar-se de um pseudônimo sem se revelar, o espírito respondeu numa clara intenção de que fosse conservada a discrição:
Espírito — Já te disse que, para ti, sou a Verdade; isto, para ti, quer dizer discrição; nada mais saberás a respeito.²
Não é preciso dizer que, ao reler o que havia escrito na noite anterior, Rivail realmente se deparou com um erro grave que, ele mesmo declarou ter se espantando de o haver cometido.
A proteção do espírito Verdade configurou-se como sendo total na vida de Rivail.
A primeira revelação da missão de Rivail veio no dia 30 de abril de 1856, com uma menção direta de um espírito citando-lhe o nome e indicando-o como o “obreiro que reconstrói o que foi demolido”³.
Posteriormente, no dia 07 de maio, Rivail tem a confirmação da missão que lhe foi designada através de uma comunicação na casa do Sr. Roustan4.
Espírito — Tens que cumprir aquilo com que sonhas desde longo tempo. É preciso que nisso trabalhes ativamente, para estares pronto, pois mais próximo do que pensas vem o dia.
Rivail — Para desempenhar essa missão tal como a concebo, são-me necessários meios de execução que ainda não se acham ao meu alcance.
Espírito — Deixa que a Providência faça a sua obra e serás satisfeito.

Missão de Rivail
Quanto à missão de Kardec, Emmanuel nos esclarece no livro “A caminho da Luz5 que “a tarefa de Allan Kardec era difícil e complexa. Competia-lhe reorganizar o edifício desmoronado da crença, reconduzindo a civilização às suas profundas bases religiosas”.
Apesar do alerta da espiritualidade quanto à dificuldade de sua missão e os percalços que teria, Rivail responde em forma de prece:
“Espírito de Verdade, agradeço os teus sábios conselhos. Aceito tudo, sem restrição e sem ideia preconcebida.
Senhor, pois que te dignaste lançar os olhos sobre mim para cumprimento dos teus desígnios, faça-se a tua vontade! Está nas tuas mãos a minha vida, dispõe do teu servo. Reconheço a minha fraqueza diante de tão grande tarefa; a minha boa vontade não desfalecerá, as forças, porem, talvez me traiam. Supre a minha deficiência; dá-me as forças físicas e morais que me forem necessárias. Ampara-me nos momentos difíceis e, com o teu auxilio e dos teus celestes mensageiros, tudo envidarei para corresponder aos teus desígnios”6.
Começava então aí um novo momento na vida de Rivail, a preparação de O Livro dos Espíritos.

Referências:
¹ Obras Póstumas, segunda parte, “A minha primeira iniciação no espiritismo - Meu espírito protetor”
² Obras Póstumas, segunda parte, “A minha primeira iniciação no espiritismo - Meu guia espiritual”
³ Obras Póstumas, segunda parte, “A minha primeira iniciação no espiritismo – Primeira revelação da minha missão”
4 Obras Póstumas, segunda parte, “A minha primeira iniciação no espiritismo – Minha missão”
5 A Caminho da Luz, cap. XXIII, “O século XIX – A tarefa do missionário”
6 Obras Póstumas, segunda parte, “A minha primeira iniciação no espiritismo – minha missão”




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