Chico Chavier e Waldo Vieira saíam
das sessões públicas e, ao chegarem em casa, costumavam datilografar os textos
ditados pelos “benfeitores espirituais”. Tinham muito trabalho pela frente:
ainda estavam longe do centésimo livro. Numa dessas jornadas noturnas, um
besouro caiu sobre a máquina do companheiro de Chico. Waldo atirou o inseto com
força na parede. O bicho voou e tornou a cair sobre sua mesa. Waldo arremessou
o recalcitrante com violência contra o chão. Mais uma vez, ele levantou vôo.
Dessa vez, aterrissou no lugar certo: a mesa de Chico.
Com cuidado, o companheiro de Waldo
pegou o inseto, abriu a janela e o soltou lá fora enquanto comentava:
- Besouro, se você não conseguiu
desencarnar através de Waldo, é porque você é como eu: tem uma missão a cumprir
no mundo. Vá com Deus.
Waldo olhava torto para o
sentimentalismo de Chico.
E evitou fazer comentários quando
soube como o parceiro tinha cuidado das formigas em seu quintal. À noite, o
batalhão avançava sobre a horta e devorava verduras e legumes plantados para as
sopas dos pobres. Os amigos já tinham providenciado o veneno quando Chico
tentou um último recurso: dois dedos de prosa.
Ele se debruçou sobre o formigueiro
e começou a conversar:
- Vocês precisam ser mais piedosas,
mais humanas. Estão faltando com a caridade ao seu semelhante. Estão tirando o
alimento de quem precisa, e não há justificativa para tal procedimento.
Usou todos os argumentos possíveis e
até se deu ao trabalho de sugerir um caminho para as adversárias.
- Ao lado desta modesta horta (e
apontou) tem um enorme terreno todo plantado das mais variadas gramíneas, uma
grande mata que a natureza colocou á disposição de todos. Mudem-se e nos deixem
em paz. Caso
contrário, se isso não ocorrer dentro de três dias, tomarei enérgicas
providências.
No dia seguinte, sobrou apenas uma
formiga, a “subversiva”, segundo Chico.
(Do livro As
vidas de Chico Xavier, de Marcel Souto Maior – p. 166-167.)
Fazendo um link com o belo artigo da Paula Banhoz, na edição de fevereiro da REJG, temos de nos educar a pensar que animais, na visão correta da coisa, não são apenas cães e gatos (bonitinhos e domesticados). São todos da obra divina, formigas, besouros, lagartixas, vacas, macacos, cobras, peixes, pássaros, etc, etc, etc... sejam bonitinhos ou não. Claro que por certo, em cada espécie, há um maior ou menor grau de desenvolvimento do princípio inteligente, mas acredito que em todos há, como dizem por aí, o propósito divino.
ResponderExcluirChegaremos lá um dia. Mas ainda sou um "Waldo" muito piorado...
Obrigada pelo elogio Pablo. ;)
ExcluirEu passei a ver os animais de maneira diferente pesquisar para esse artigo abriu meus horizontes.
Se você ainda não leu, dá uma olhada depois no livro Evolução em Dois Mundos, da série André Luiz. Ele fala coisas bem interessantes sobre a evolução dos animais, como e por que isso ocorre e sobre os processos reencarnatórios deles.
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