(Por Pablo Angely)
Eis você,
espírita, estudioso (ou não) da doutrina, inquieto porque não consegue
organizar seus pensamentos, concatenar suas ideias, progredir na sua evolução
moral e aí pensa: “-Isso só pode ser coisa de obsessor!”.
É... pode
ser. Talvez seja. Talvez não... É preciso que identifiquemos diversos aspectos
em nossa conduta antes de assumirmos julgamento tão certo.
Em seu livro
“Evolução em Dois Mundos”, o autor
espiritual André Luiz, como muito bem destacado por Emmanuel no início da mesma
obra, busca chamar a atenção dos encarnados para o que de fato é a imortalidade
e qual a importância que temos de perceber nas funções desempenhadas por nossa
mente quando estamos aqui no “casulo carnal”.
Passando por
vários aspectos da evolução do princípio inteligente até atingir o cenário de
Espírito em que nos encontramos hoje, ele destaca que devemos rumar sempre em
busca do que chama de maioridade moral,
por meio do aprimoramento das manifestações de nossos pensamentos, enriquecendo
os atributos daquilo que pensamos. Sabe por que motivo? Porque tudo que
sentimos (e depois pensamos, sempre nessa ordem), tudo que falamos e
realizamos, tudo isso gera consequências para nossas vidas – tão óbvio numa
primeira lida, mas tão profundo após uma sincera e dedicada análise. Por falar
nisso, você já fez a sua?
E o que isso
tem a ver com obsessão? Ao final do capítulo 15, André Luiz nos dá uma receita,
entre tantas outras ao longo da obra, para o que chama de parasitismo da
alma.
Ele começa alertando
para a já tão conhecida lei de ação de reação, lembrando-nos que o equilíbrio
ou o desequilíbrio, o prazer ou o sofrimento de hoje são sempre frutos obtidos
em virtude das obras de ontem.
E já emenda
nos alertando que se para os males do mundo orgânico (material) há medidas
terapêuticas, inclusive para os casos de parasitismo, então nada mais sábio e
justo dentro da organização divina (já que Deus é a suprema sabedoria e a
suprema justiça) que também haja terapias para os parasitismos da alma.
Mas, de forma
bastante, concisa, faz um importante alerta: “Não bastará, porém, a palavra que ajude e a oração que ilumina.”.
Ele nos
alerta (um chamado para acordar mesmo, para quem tem olhos de ver e ouvidos de
ouvir) que aquele que se julga vítima de obsessores, que se julga um sofredor
injustiçado – que no livro ele chama de hospedeiro – deve construir no próprio
exemplo de serviço de amor aos semelhantes a sua cura e as energias e medidas
terapêuticas para sua renovação e para o reajuste que tanto espera. E que,
ainda, é preciso que tal hospedeiro (qualquer um de nós) avalie sinceramente a
extensão e a qualidade de suas dívidas.
“Sim”, você me dirá, “mas como isso funciona?”. André Luiz destaca
que é o bem em ação, aquele bem genuíno que coaduna com a lição de caridade
ensinada e exemplificada pelo Mestre Jesus, aquele que rompe amarras e avança
em direção à luz, que irá produzir “vigorosos
fatores de transformação sobre aqueles que nos observam”, principalmente se
o rompimento com nossos sentimentos inferiores se der de uma maneira
voluntária.
Essa transformação, aliada à vontade e à força interna, influencia
a nossa atmosfera espiritual de tal modo que as nossas mais simples e humildes
demonstrações de querer fazer, de querer mudar, de praticar a fraternidade
inspiram naqueles que nos cercam pensamentos também edificantes. E isso se
torna uma onda, uma corrente ou quiçá um turbilhão que, num circuito de energia
que envolve amigos e simpatizantes, acaba por modificar mesmo aqueles verdugos de
temperamento mais acirrado ou mais hostil em relação ao então hospedeiro.
Ou seja, meus amigos: não precisamos aguardar por milagres, nem
pela volta de Jesus e muito menos por reencarnações futuras (realmente não
deixe para amanhã o que pode fazer hoje). Até porque postergar pode significar
uma encarnação futura baseada na dor e nas lágrimas, tornando o que poderia ser
o resgate de hoje a ligação expiatória de amanhã.
Se a vida lhe fustiga, se as ideias lhe fogem ou os sentimentos
lhe deixam inquieto, a receita terapêutica de André Luiz para o que você julga
ser “trabalho de obsessor” (e talvez seja mesmo) é o “devotamento ao próximo pela humildade realmente praticada e sentida”
– atitude essa que certamente tornará suas preces santificadas e que atrairá para
o seus círculos material e espiritual a simpatia de valiosas entidades e que
definitivamente será a garantia de intervenções produtivas e providenciais
sempre que necessitar.
Como cita o autor ao fim do capítulo: “É que, em nos reparando transfigurados para o melhor, os nossos adversários
igualmente se desarmam para o mal, compreendendo, por fim, que só o bem será,
perante Deus, o nosso caminho de liberdade e vida.”.
E aí, isso só pode ser coisa de obsessor?
Referência: Francisco
Cândido Xavier - Evolução em Dois Mundos - pelo Espírito André Luiz, Capítulo 15,
páginas 111 e 112.
Muito bacana a reflexão. Informação precisa e que nos faz pensar na nossa realidade.
ResponderExcluirParabéns ao Pablo Angely e Revista Joseph Gleber!
Adorei a leitura!! E por isso irei compartilhar a todos pois se trata de um aprendizado edificante!!
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