segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

SÉRIE ALLAN KARDEC - SR. E SRA. RIVAIL

Amélie-Gabrielle Boudet nasceu em 02 de novembro de 1795, em Thiais, a 12 quilômetros de Paris, na França. Filha de Julien-Louis Boudet e Julie-Louise Seigneat de Lacombe, Amélie teve a oportunidade de ter uma educação refinada.
Foi morar em Paris onde concluiu os estudos na Escola Normal Leiga, de orientação pestalozziana. Diplomando-se como professora da 1ª classe, teve também a oportunidade de lecionar Letras e Belas-Artes, tendo, inclusive, publicado três livros: Contos Primaveris (1825), Noções de Desenho (1826) e O Essencial em Belas-Artes (1828).
“Miudinha, graciosa, muito vivaz, aparentava a mesma idade do marido, apesar de nove anos mais velha”. (Canuto Abreu)
Segundo Canuto Abreu, Amélie seria miúda, graciosa e muito vivaz. Talvez tenha sido essa vivacidade, assim como sua capacidade intelectual, o que fascinou Rivail. Conheceram-se, provavelmente, em algum sarau literário e casaram-se uns dois anos depois, em 06 de fevereiro de 1832. Rivail tinha então 27 anos, enquanto Amélie teria 36.
Apesar da família de Amélie ter excelentes condições financeiras, o casal vivia de maneira simples. E, por compartilharem das mesmas idéias quanto à educação, desenvolviam juntos projetos que visavam à reforma da educação francesa, como, por exemplo, a ideia de não diferenciação de sexo no ensino. Fundaram, então, um pensionato de moças no subúrbio de Paris e trabalharam juntos no Instituto Rivail.
Amélie apoiou Rivail no momento de crise logo após o fechamento do Instituto. Rivail passou a trabalhar como contador para três casas comerciais, enquanto Amélie preparava cursos gratuitos que eles ministrariam em suas casas entre 1835 e 1840. A situação financeira do casal só voltou a se estabilizar após o lançamento de alguns livros didáticos por Rivail.
O espiritismo surge na vida do casal no ano em que eles completavam suas bodas de pratas. Gaby (como Rivail a chamava) torna-se a grande incentivadora do trabalho do marido.
Segundo os relatos de vários amigos de Rivail, Amélie tinha, do codificador do espiritismo, uma grande consideração, sendo ela conselheira e inspiradora do marido. Desde o começo do trabalho com o espiritismo, Rivail sempre foi vítima de detratores, atacado com calúnias e difamações. Mas Amélie mantém-se firme a seu lado, apoiando-o.
Na Revista Espírita de julho de 1865, Rivail expõe publicamente seu reconhecimento pelos esforços da esposa:
“...minha mulher, que nem é mais ambiciosa nem mais interesseira do que eu, concordou plenamente com meus pontos de vista e me secundou na tarefa laboriosa, como o faz ainda, por um trabalho por vezes acima de suas forças, sacrificando sem pesar os prazeres e distrações do mundo, aos quais sua posição de família a tinham habituado”.
Segundo Gabriel Delanne, o lançamento de O Livro dos Espíritos, assim como as demais obras da codificação, se deram em grande parte devido ao entusiasmo e incentivo de Amélie. Da mesma forma, durante as viagens que Kardec teve que empreender a partir de 1860, com o crescimento do espiritismo, ela sempre o acompanhava.
Leon Denis, na revista Espírita de janeiro de 1923, descreve uma singela cena ocorrida entre uma viagem e outra de Kardec:
“No dia seguinte, retornei a Spirito-Villa para fazer uma visita ao Mestre; encontrei-o sobre um pequeno banco, junto a uma grande cerejeira, colhendo frutos que jogava para a Sra. Allan Kardec...”.

Mesmo após o desencarne de Kardec, Amélie mantém sua postura firme. Fiel companheira, Gaby age ativamente, assumindo todos os encargos necessários ao gerenciamento do espiritismo em todo o mundo.

Referências: 
WANTUIL, Zêus; THIESEN, Francisco. Allan Kardec: o educador e o codificador, v.1. 3 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007

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