Amélie-Gabrielle
Boudet nasceu em 02 de novembro de 1795, em Thiais, a 12 quilômetros de
Paris, na França. Filha de Julien-Louis Boudet e Julie-Louise Seigneat de
Lacombe, Amélie teve a oportunidade de ter uma educação refinada.
Foi morar em
Paris onde concluiu os estudos na Escola Normal Leiga, de orientação
pestalozziana. Diplomando-se como professora da 1ª classe, teve também a
oportunidade de lecionar Letras e Belas-Artes, tendo, inclusive, publicado três
livros: Contos Primaveris (1825), Noções de Desenho (1826) e O
Essencial em Belas-Artes (1828).
“Miudinha, graciosa, muito vivaz, aparentava
a mesma idade do marido, apesar de nove anos mais velha”. (Canuto Abreu)
Segundo
Canuto Abreu, Amélie seria miúda, graciosa e muito vivaz. Talvez tenha sido
essa vivacidade, assim como sua capacidade intelectual, o que fascinou Rivail.
Conheceram-se, provavelmente, em algum sarau literário e casaram-se uns dois
anos depois, em 06 de fevereiro de 1832. Rivail tinha então 27 anos, enquanto
Amélie teria 36.
Apesar da
família de Amélie ter excelentes condições financeiras, o casal vivia de
maneira simples. E, por compartilharem das mesmas idéias quanto à educação,
desenvolviam juntos projetos que visavam à reforma da educação francesa, como,
por exemplo, a ideia de não diferenciação de sexo no ensino. Fundaram, então,
um pensionato de moças no subúrbio de Paris e trabalharam juntos no Instituto
Rivail.
Amélie apoiou
Rivail no momento de crise logo após o fechamento do Instituto. Rivail passou a
trabalhar como contador para três casas comerciais, enquanto Amélie preparava
cursos gratuitos que eles ministrariam em suas casas entre 1835 e 1840. A
situação financeira do casal só voltou a se estabilizar após o lançamento de
alguns livros didáticos por Rivail.
O espiritismo
surge na vida do casal no ano em que eles completavam suas bodas de pratas.
Gaby (como Rivail a chamava) torna-se a grande incentivadora do trabalho do
marido.
Segundo os
relatos de vários amigos de Rivail, Amélie tinha, do codificador do espiritismo,
uma grande consideração, sendo ela conselheira e inspiradora do marido. Desde o
começo do trabalho com o espiritismo, Rivail sempre foi vítima de detratores,
atacado com calúnias e difamações. Mas Amélie mantém-se firme a seu lado,
apoiando-o.
Na Revista
Espírita de julho de 1865, Rivail expõe publicamente seu reconhecimento pelos
esforços da esposa:
“...minha mulher, que nem é mais ambiciosa
nem mais interesseira do que eu, concordou plenamente com meus pontos de vista
e me secundou na tarefa laboriosa, como o faz ainda, por um trabalho por vezes
acima de suas forças, sacrificando sem pesar os prazeres e distrações do mundo,
aos quais sua posição de família a tinham habituado”.
Segundo
Gabriel Delanne, o lançamento de O Livro dos Espíritos, assim como as demais obras da
codificação, se deram em grande parte devido ao entusiasmo e incentivo de
Amélie. Da mesma forma, durante as viagens que Kardec teve que empreender a
partir de 1860, com o crescimento do espiritismo, ela sempre o acompanhava.
Leon Denis,
na revista Espírita de janeiro de 1923, descreve uma singela cena ocorrida
entre uma viagem e outra de Kardec:
“No dia seguinte, retornei a Spirito-Villa
para fazer uma visita ao Mestre; encontrei-o sobre um pequeno banco, junto a
uma grande cerejeira, colhendo frutos que jogava para a Sra. Allan Kardec...”.
Mesmo após o
desencarne de Kardec, Amélie mantém sua postura firme. Fiel companheira, Gaby
age ativamente, assumindo todos os encargos necessários ao gerenciamento do
espiritismo em todo o mundo.
Referências:
WANTUIL, Zêus; THIESEN, Francisco. Allan Kardec: o educador e o codificador, v.1. 3 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir