Fonte de referência
infinita, o codificador não cansou, em sua árdua tarefa, de nos deixar, por
escrito, as suas orientações. Além dos cinco livros que formam a base da
codificação espírita, Kardec deixou vários outros escritos.
Viagem
espírita em 1862 é um
livro escrito pelo próprio Kardec com o relato da viagem feita por ele em 1862
na qual teria visitado 20 cidades francesas e participado de 50 reuniões. Por
considerar extenso para publicar na revista espírita, Kardec teria preferido
fazer um relato sobre a viagem, mas editá-lo em separado no mesmo formato da
Revista.
A introdução da
publicação em português traz uma explicação, feita pelo tradutor do livro,
sobre as várias viagens feitas por Kardec para a divulgação do espiritismo, em
especial sobre a terceira viagem, feita em 1862, da qual derivou o livro em
questão. O conteúdo existente na introdução nos remete ao século XIX e a todo o
esforço de Kardec para a consolidação da doutrina, além de nos deixar com
vontade de conhecer ainda mais os caminhos desse homem que dedicou parte de sua
vida à divulgação das idéias dos espíritos.
O restante do livro,
como não poderia deixar de ser, deixa transparecer as características
inequívocas do codificador: seriedade, dedicação e comprometimento.
Kardec começa expondo
as impressões que teve durante a sua viagem, numa espécie de introdução que
denomina Impressões gerais, na qual afirma que seu objetivo seria o de “resumir as observações (...) sobre a
situação em que se encontra a doutrina espírita e levar ao conhecimento geral
as orientações que (...) foram possíveis oferecer aos organizadores dos
diferentes Centros”. (p.25).
Nessa primeira parte, ele cita as cidades por
onde teria passado, afirma o crescimento da doutrina espírita em números de
adeptos, além de falar sobre outras questões, tais como a utilização dos
efeitos físicos e sua diminuição ao longo do tempo, a atuação do médium, a
importância do equilíbrio no grupo espírita, a evangelização espírita, obsessão
em médiuns, além de outros assuntos.
O codificador separa em três partes o
discurso pronunciado nas reuniões de Lyon e Bordeaux. Percebe-se pelo conteúdo
do discurso uma intenção nítida de fortalecer a confiança dos adeptos no
crescimento da doutrina e orientá-los no sentido de que compreendam
profundamente que o progresso do espiritismo está intimamente relacionado com a
postura adotada pelos espíritas nas suas vidas particulares e na forma como
irão conduzir os grupos espíritas. O
codificador fala em especial da caridade, analisando-a, interpretando-a e
aplicando-a a vários exemplos no intuito de demonstrar mais claramente sua
importância na modificação íntima do espírita.
Na quarta parte do
livro, Kardec nos traz as respostas dadas às perguntas sugeridas por
participantes das reuniões nas quais esteve. Os assuntos são diversos, no
entanto, incrivelmente atuais. No final,
Kardec transcreve um projeto de regulamento para a formação de grupos ou
sociedades espíritas no intuito de orientar a formação de novos grupos.
O livro de Kardec
surpreende pela sua atualidade. Apesar de ser possível verificar em seu
discurso alguns fatos típicos da época, os problemas e as soluções apresentados
ainda refletem as necessidades e os questionamentos atuais de qualquer Casa
Espírita.
Ainda mais precioso do
que as orientações quanto à doutrina, o livro nos apresenta uma interpretação
profunda, racional e incrivelmente transformadora de questões atualmente tão
discutidas, entre elas o egoísmo e a caridade.
É impossível ler este
livro e não ficar com uma frase martelando na mente: “como eu não pensei nisso antes?”.
Kardec mostra-se em
seu discurso um espírita apaixonado, dedicado e, principalmente, praticante
fervoroso dos ensinamentos dos espíritos. Através de suas palavras nossa
responsabilidade como espíritas cresce, mas, apesar disso, não pesa. Ao
contrário, tudo se torna mais simples e mais claro.
Viagem
espírita em 1862 é
uma excelente pedida para todos aqueles que vêem no espiritismo uma porta para
o progresso humano e para a paz interior e que preferem buscar nas palavras do
codificador as orientações de que necessita.
O tradutor Wallace
Leal Valentim Rodrigues nasceu na cidade de Divisa no Espírito Santo em 1924. Escritor
e autor teatral, dedicou-se também ao espiritismo como redator-chefe da Revista
Internacional de Espiritismo, além de ter traduzido, organizado e escrito
dezenas de livros espíritas.
(KARDEC, Allan. Viagem
espírita em 1862. 3ª Ed. São Paulo: O Clarim, 2000)
Resenha elaborada por Alessandra Mayhé
Resenha elaborada por Alessandra Mayhé
Excelente resenha, mas estou aqui me perguntando onde fica Divisa? Será que mudou de nome atualmente?
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