segunda-feira, 20 de março de 2017

SÉRIE ALLAN KARDEC - O LEGADO DE KARDEC


 As atividades do codificador aumentavam e, com elas, os conflitos internos na Sociedade Espírita também se intensificavam, a ponto de Kardec pensar em deixar a direção da Sociedade. No entanto, a espiritualidade foi bastante direta na sua orientação:
“Quando um mal existe, ele não se cura sem crise; assim é do pequeno ao grande; no indivíduo como nas sociedades; na sociedade como nos povos; nos povos como o é na humanidade. Nossa Sociedade, dizemos, é necessária; quando o deixar de ser sob a forma atual, ela se transformará como todas as coisas. Quanto a ti, não podes, não deves retirar-te. Não pretendemos, entretanto, subjugar o teu livre-arbítrio; apenas dizemos que a tua retirada seria uma falta que um dia lamentarias, pois entravaria nossos planos.”
A orientação foi bem entendida por Kardec, que nos deixou como exemplo sua perseverança e confiança nos desígnios divinos. Zeus Wantuil resume bem a orientação dos espíritos e a atitude digna de Kardec diante dos obstáculos quando afirma que:
“Vencer as crises e permanecer nos postos, este o dever dos espíritas responsáveis no Movimento”.
As obrigações aumentam, o tempo diminui. Kardec relata que suas forças começam a lhe faltar. Além das divergências internas no Movimento e do excesso de atividades, Kardec sofre a pressão dos opositores que não se cansam de tentar enfraquecer a Doutrina recém-nascida.
“O espiritismo não se afastará da verdade, e nada terá a temer das opiniões contraditórias enquanto sua teoria científica e sua doutrina moral forem uma dedução dos fatos escrupulosa e conscienciosamente observados, sem prejuízos nem sistemas preconcebidos”.
“Que os espíritas, pois, não tenham receio: o futuro lhes cabe; que deixem os adversários se debaterem sob o aspecto da verdade que os ofusca, visto que toda a denegação é impotente contra a evidência que triunfa, inevitavelmente, pela força mesma das coisas. É questão de tempo, e neste século o tempo marcha a passos de gigante sob o impulso do progresso.”
Kardec desencarna enquanto trabalha em uma nova atividade que visava o estudo das relações entre o magnetismo e o espiritismo.
Em seu legado, além das obras da codificação que constituem toda a base filosófica da doutrina espírita, encontramos subjetivamente inúmeros benefícios advindos de sua capacidade indiscutível de apreender a intenção da espiritualidade ao lhe oportunizar tarefa tão árdua. Entre esses benefícios, podemos citar:

  1. A criação de uma doutrina baseada no método científico de observação:
“Conduzi-me com os espíritos, como houvera feito com os homens. Para mim, eles foram, do menor ao maior, meios de me informar e não reveladores predestinados. Tais as disposições com que empreendi meus estudos e neles prossegui sempre. Observar, comparar e julgar, essa a regra que constantemente segui.”

  1. Doutrina que dispensa a necessidade de um intermediário sendo acessível a todos:
“Não basta que uma idéia seja grande, bela e generosa, é preciso de tudo que seja praticável.”

  1. Doutrina aberta à aquisição de novas informações:
“A revelação fez-se assim parcialmente em diversos lugares e por uma multidão de intermediários e é dessa maneira que prossegue ainda, pois que nem tudo foi revelado.”

  1. Amor à Doutrina respeitando toda e qualquer outra crença:
“Quanto às rivalidades, às tentativas para nos suplantar, temos um meio infalível para não temê-las. Trabalhemos para compreender, para engrandecer a nossa inteligência e o nosso coração; lutemos com os outros, mas lutemos com a caridade e a abnegação. Que o amor ao próximo, inscrito sobre a nossa bandeira, seja a nossa divisa; a procura da verdade, de qualquer parte que venha, o nosso único objetivo!”.

“O fim do espiritismo é tornar melhores aqueles que o compreendem. Esforcemo-nos em dar o exemplo e em demonstrar que, para nós, a doutrina não é letra morta.
Em suma, sejamos dignos dos bons espíritos, se quisermos que os bons Espíritos nos assistam. O bem é uma couraça contra qual sempre se despedaçarão as armas da malevolência”. (Kardec).


Referências:
WANTUIL, Zeus; THIESEN, Francisco. Allan Kardec: Pesquisa bibliográfica e ensaios de interpretação. Vol. II. Rio de Janeiro: FEB, 1980.

KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Rio de Janeiro: FEB.

2 comentários:

  1. "Doutrina que dispensa a necessidade de um intermediário sendo acessível a todos."

    Obrigado, Kardec.

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  2. Incrivel a luta de Kardec .... obrigado p ter cumprido sua missão!

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