segunda-feira, 13 de março de 2017

SÉRIE ALLAN KARDEC - INIMIGOS DA DOUTRINA


Como toda obra que tem por objetivo o bem, o espiritismo também teve seus inimigos. Em 1860, mais uma vez, a espiritualidade se mostra ao lado de Kardec e o orienta com relação à dificuldade de sua missão: 


“Ela, porém, é perigosa e, para cumpri-la, são necessárias uma fé e uma vontade inabaláveis, assim como abnegação e coragem para afrontar as injúrias, os sarcasmos, as decepções e não se alterar com a lama que a inveja e a calúnia atirem. Nessa posição, o menos que pode acontecer a quem a ocupa é ser tratado de louco e de charlatão. Deixai que falem, deixai que pensem livremente: tudo, exceto a felicidade eterna, dura pouco. Tudo vos será levado em conta e ficai sabendo que, para ser-se feliz, é preciso que se haja contribuído para a felicidade dos pobres seres de que Deus povoou a vossa terra. Permaneça, pois, tranquila e serena a vossa consciência: é o precursor da felicidade celeste” ¹.



AUTO DE FÉ DE BARCELONA



Um dos atos mais veementes contra o espiritismo aconteceu em 09 de outubro de 1861 e ficou conhecido como o Auto de Fé de Barcelona. Tudo havia começado com o envio de livros da codificação, da Revue Spirite e de outras obras espíritas, num total de 300 volumes, para Barcelona a pedido de um amigo de Kardec, o Sr. Lachâtre. No entanto, apesar de estar totalmente legal, ao desembarcar a mercadoria em Barcelona, foi solicitado pelo bispo responsável pela “polícia de livraria” uma listagem das obras enviadas. O bispo ordenou a apreensão dos livros e marcou para o dia 09 de outubro a data em que deveriam ser queimados em praça pública. Lachâtre e Kardec poderiam ter submetido a questão à análise de autoridade superior, contudo, ao pedir a opinião de seu guia espiritual, teve a seguinte resposta: 


“Por direito, podes reclamá-las e conseguirias que te fossem restituídas, se te dirigisses ao Ministro de Estrangeiros da França. Mas, ao meu parecer, desse auto-de-fé resultará maior bem do que o que adviria da leitura de alguns volumes. A perda material nada é, a par da repercussão que semelhante fato produzirá em favor da Doutrina. Deves compreender quanto uma perseguição tão ridícula, quanto atrasada, poderá fazer a bem do progresso do Espiritismo na Espanha. A queima dos livros determinará uma grande expansão das ideias espíritas e uma procura febricitante das obras dessa doutrina. As ideias se disseminarão lá com maior rapidez e as obras serão procuradas com maior avidez, desde que as tenham queimado. Tudo vai bem”². 


Extrato da ata de execução: 


“Neste dia, nove de outubro de mil oitocentos e sessenta e um, às dez horas e meia da manhã, na esplanada da cidade de Barcelona, no local onde são executados os criminosos condenados ao derradeiro suplício e por ordem do bispo desta cidade, foram queimados trezentos volumes e brochuras sobre o Espiritismo, a saber: O Livro dos Espíritos, por Allan Kardec, etc.”³ 





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

¹ Obras Póstumas, p. 362
² Obras Póstumas, p. 365-366
³ Obras Póstumas, p. 366



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