sábado, 1 de abril de 2017


Adultério

“Infelizmente, o ser humano atual renasce num contexto cultural imediatista, utilitarista, em que os valores reais são postos em plano secundário e é-lhe exigida a conquista daqueles que são de efêmera duração, porque pertencentes ao carreiro material. O exibicionismo do crime que se torna legal estimula ao desrespeito às leis da vida, quando os multiplicadores de opinião e pessoas ditas famosas, mais pela exuberância do desequilíbrio do que pela construção edificante, apresentam-se na mídia para narrar as experiências dolorosas dos abortos praticados, das traições conjugais, das mudanças de parceiro em adultérios chocantes ou relacionamentos múltiplos e promíscuos, como os novos padrões de conduta".

Joanna de Ângelis adverte-nos acerca das condutas que desrespeitam as leis da vida, dentre elas, o adultério. Traz-nos a doutrina espírita, na questão 701 do Livro dos Espíritos, que a poligamia é lei humana cuja abolição marca um progresso social. O casamento, segundo as vistas de Deus, tem que se fundar na afeição dos seres que se unem. Na poligamia não há afeição real: há apenas sensualidade.

Comumente o relacionamento extraconjungal acontece no impulso da paixão. E, a paixão encontra-se no terreno do instinto, abarcando vicissitudes; representando a busca pelo prazer desenfreado a todo custo que entorpecem os sentidos, conduzindo ao disparate, e terminando por deixar sabor amargo.
Alegações de que a infidelidade esteja relacionada ao destino não se coadunam com as leis naturais
da vida, dado que essa circunstância nos remete à concepção de moral debilitada, provocando mágoas e desgostos, fomentados por fraquezas que assinalam o comportamento humano.

Ademais, não raro, há tentativas de justificar o adultério como possível encontro de almas gêmeas,
aqui envolvendo a idealização de metades eternas. Contudo, de acordo com o Livro dos Espíritos, “(…) se um espírito fosse a metade do outro, separados os dois, estariam ambos incompletos”. Dado o estágio evolutivo dos habitantes da Terra, é sabido que o exercício do amor ainda representa grande desafio. No entanto, também, é perceptível que encontraremos na jornada atual espíritos afins com os quais compartilharemos  a caminhada numa ajuda mútua, longe das paixões exaltadas. E que, sobretudo, somos seres imortais, predestinados a benquerer a humanidade inteira. Muitos situam a infidelidade nas esferas das tentações.

Aqui, vale mencionar comentário, carinhoso e divertido, de Chico Xavier citado por Haroldo Dutra: “A tentação é você estar correndo de um cachorro muito grande com uma vontade imensa de ser alcançado, porque a tentação tem um componente forte do desejo. A tentação significa que há uma divisão, um lado do nosso psiquismo deseja ardentemente repetir, viver novamente, experimentar, extrair prazer daquela experiência, e um outro lado já mais consciente, já mais esclarecido, mais fortalecido, sabe que é preciso avançar.”

“O triângulo afetivo / Nunca se forma a contento, / E, termina, sempre, na vida, / Em trio de sofrimento / Pois, sexo com remorso / É melado com veneno” 
(Cornélio Pires, no livro Retratos da Vida).

Não se pode negar que a infidelidade é evidência de profundo egoísmo que gera inconformidades,
desequilíbrios e traumas. André Luiz diz, com muita propriedade, que se a nossa felicidade é alicerçada sobre a infelicidade alheia, responderemos por isso. Joanna de Ângelis expõe que, se o Espírito ainda permanece adormecido no campo da sua consciência, sem empreender o esforço para o despertamento, repete as existências físicas em um círculo vicioso, sem maior proveito, até quando as Leis da Vida impõem-lhe as expiações retificadoras.

Por fim, diz que aquele, porém, que se trabalha, elegendo a trilha saudável do bem proceder, faz-se indivíduo psicológico, porque nele destacam-se as manifestações do equilíbrio ético, dos valores dignificantes, da sábia manifestação mental, dos instrumentos conhecidos como virtudes.

¹JOANNA DE ÂNGELIS, orientadora espiritual de Divaldo P. Franco, é autora, entre outros livros, de Psicologia da Gratidão, do qual foi extraído o texto que referência este artigo.

(Por Cláudia Costa)

Revista Joseph Gleber - Ano 1 - Edição 4 -  Abril 2017

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