sexta-feira, 21 de abril de 2017

RESENHANDO: O CENTRO ESPÍRITA


Em O Centro Espírita, publicado pela Editora Paideia, Herculano Pires nos traz o que eu ousaria chamar de “declaração de amor” ao centro espírita. Ele inicia seu livro chamando-nos a atenção para a nossa capacidade de tornarmo-nos anjos, a partir de uma decisão individual e intransferível do próprio indivíduo. Ele, no entanto, nos alerta para o fato de que “estar em condições” e dar esse passo em direção à divindade são duas coisas diferentes. Ele salienta que este passo dependerá da vontade real e profunda e da compreensão doutrinária do indivíduo.

Feitas essas considerações, Herculano nos leva a pensar sobre a importância e significação do centro espírita denominando-o como um ponto de convergência, um espelho côncavo no qual todas as atividades doutrinárias se refletem e se unem, projetando-se juntas nos distintos planos da vida espírita ou não espírita. Traduzindo de forma simples essa interpretação do autor, poderíamos dizer que o centro espírita é o caldeirão no qual todas as atividades se reúnem na produção de um produto final que será servido a toda a sociedade.

Para entendermos melhor essa ideia, o autor cita algumas das atividades fundamentais do centro espírita, que, segundo ele, tem a função primordial de ser um centro de serviço ao próximo, nos dois planos de vida.

Herculano cita a assistência social como um trabalho de desenvolvimento da nossa própria mentalidade no que ele chama de “mundo egoísta” em que vivemos. Dessa forma, o centro transformaria ideias fraternas em correntes de energia ativa.

O autor também levanta um questionamento feito por muitos sobre a necessidade das manifestações de espíritos e consequente auxílio da casa espírita para esses irmãos necessitados. Ele alega que aqueles que argumentam contrariamente ao esclarecimento dos espíritos desencarnados, esquecem-se de que toda atividade esclarecedora vale mais pela sua possibilidade de propagação, ou seja, o autor entende que a dinâmica da comunicação é que torna o serviço eficaz e ainda nos lembra da própria tarefa de Jesus que, ao esclarecer alguns, mudou a face do mundo. Dessa forma, como seria impossível cuidar de todos os espíritos necessitados, cuidamos dos que estão mais ligados a nós e damos início a um mecanismo de propagação das verdades espirituais e auxílio a quem necessita.

Herculano cita também o autor francês Gustavo Geley, que teria afirmado que o ambiente mediúnico é favorável às relações dos espíritos com os encarnados devido à emanação de ectoplasma o que daria aos espíritos mais apegados à matéria uma sensação de segurança maior por sentirem-se como quando estavam encarnados.

O autor coloca o trabalho da desobsessão como um “dever constante dos médiuns esclarecidos e dedicados ao bem do próximo” e afirma que a comunicação dos benfeitores somente são dadas quando preciso e a partir do nosso merecimento após termos cuidado com “atenção e abnegação” dos espíritos sofredores.

De todos os serviços citados por Herculano o que mais ele considera urgente seria o de instrução doutrinária, não somente para os neófitos, mas também para os mais antigos adeptos da doutrina, salientando que, se bem executada esta tarefa, todas as demais serão feitas com maior facilidade. E afirma: “Sem estudo constante da Doutrina não se faz Espiritismo, cria-se apenas uma rotina de trabalhos práticos que dão a ilusão de eficiência”.

Dessa forma, Herculano nos apresenta o centro espírita como o local mais favorável para o nosso exercício diário na lide espírita, com todas as atividades necessárias para o nosso burilamento. Ele entende que, a medida que o ser humano sabe o que quer e por que quer, ele passa a procurar formas de superar-se tentando descobrir “como” continuar o seu caminho de evolução. E é neste momento, que o indivíduo se integraria ao centro espírita, “não como um serviçal, mas como o próprio serviço”.

Caso o leitor tenha interesse na obra, poderá acessá-la CLICANDO AQUI.


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