Em O Centro Espírita, publicado pela Editora Paideia, Herculano Pires
nos traz o que eu ousaria chamar de “declaração de amor” ao centro espírita.
Ele inicia seu livro chamando-nos a atenção para a nossa capacidade de
tornarmo-nos anjos, a partir de uma decisão individual e intransferível do
próprio indivíduo. Ele, no entanto, nos alerta para o fato de que “estar em
condições” e dar esse passo em direção à divindade são duas coisas diferentes.
Ele salienta que este passo dependerá da vontade
real e profunda e da compreensão doutrinária do indivíduo.
Feitas essas considerações,
Herculano nos leva a pensar sobre a importância e significação do centro
espírita denominando-o como um ponto de convergência, um espelho côncavo no
qual todas as atividades doutrinárias se refletem e se unem, projetando-se
juntas nos distintos planos da vida espírita ou não espírita. Traduzindo de
forma simples essa interpretação do autor, poderíamos dizer que o centro
espírita é o caldeirão no qual todas as atividades se reúnem na produção de um
produto final que será servido a toda a sociedade.
Para entendermos melhor essa
ideia, o autor cita algumas das atividades fundamentais do centro espírita,
que, segundo ele, tem a função primordial de ser um centro de serviço ao próximo, nos dois planos de vida.
Herculano cita a assistência
social como um trabalho de desenvolvimento da nossa própria mentalidade no que
ele chama de “mundo egoísta” em que vivemos. Dessa forma, o centro
transformaria ideias fraternas em correntes de energia ativa.
O autor também levanta um
questionamento feito por muitos sobre a necessidade das manifestações de
espíritos e consequente auxílio da casa espírita para esses irmãos
necessitados. Ele alega que aqueles que argumentam contrariamente ao
esclarecimento dos espíritos desencarnados, esquecem-se de que toda atividade
esclarecedora vale mais pela sua possibilidade de propagação, ou seja, o autor
entende que a dinâmica da comunicação é que torna o serviço eficaz e ainda nos
lembra da própria tarefa de Jesus que, ao esclarecer alguns, mudou a face do
mundo. Dessa forma, como seria impossível cuidar de todos os espíritos
necessitados, cuidamos dos que estão mais ligados a nós e damos início a um
mecanismo de propagação das verdades espirituais e auxílio a quem necessita.
Herculano cita também o autor
francês Gustavo Geley, que teria afirmado que o ambiente mediúnico é favorável
às relações dos espíritos com os encarnados devido à emanação de ectoplasma o
que daria aos espíritos mais apegados à matéria uma sensação de segurança maior
por sentirem-se como quando estavam encarnados.
O autor coloca o trabalho da
desobsessão como um “dever constante dos médiuns esclarecidos e dedicados ao
bem do próximo” e afirma que a comunicação dos benfeitores somente são dadas
quando preciso e a partir do nosso merecimento após termos cuidado com “atenção
e abnegação” dos espíritos sofredores.
De todos
os serviços citados por Herculano o que mais ele considera urgente seria o de
instrução doutrinária, não somente para os neófitos, mas também para os mais
antigos adeptos da doutrina, salientando que, se bem executada esta tarefa,
todas as demais serão feitas com maior facilidade. E afirma: “Sem estudo
constante da Doutrina não se faz Espiritismo, cria-se apenas uma rotina de
trabalhos práticos que dão a ilusão de eficiência”.
Dessa
forma, Herculano nos apresenta o centro espírita como o local mais favorável
para o nosso exercício diário na lide espírita, com todas as atividades
necessárias para o nosso burilamento. Ele entende que, a medida que o ser
humano sabe o que quer e por que quer, ele passa a procurar formas de
superar-se tentando descobrir “como” continuar o seu caminho de evolução. E é
neste momento, que o indivíduo se integraria ao centro espírita, “não como um
serviçal, mas como o próprio serviço”.
Caso o leitor tenha interesse na
obra, poderá acessá-la CLICANDO AQUI.
Mais um...
ResponderExcluir