Para
combater a doença, Chico Xavier seguia a receita de Emmanuel: caridade.
Em 1978,
fiel à máxima "aliviai e sereis aliviado", ele foi buscar forças na Penitenciária
de São Paulo. A diretoria do presídio pediu aos presos interessados em ouvir a prece
do espírita que se inscrevessem. Resultado: 542 detentos se apresentaram.
Na época,
muitos deles liam o livro 165 de Chico, “Falou e Disse”.
Durante
a palestra, um dos presidiários reclamou de ser tratado como um número. Chico
tratou de buscar um consolo:
- Meu
filho, quem de nós não é tratado por número? É número de telefone, de carro, de
casa, de CEO, de CIC. Nós estamos com mais números que você. Só que agora
estamos na cela ambulante e vocês estão na fixa.
Após a
palestra, Chico surpreendeu o diretor do presídio com uma notícia:
- Quero
sair daqui, mas, antes, desejo abraçar e beijar a todos.
O
diretor arregalou os olhos e quase se benzeu:
- Deus
me livre. Não, senhor. Você não vai abraçar nem beijar ninguém.
Chico
insistiu:
- Não
senhor, doutor. Eu não viria aqui fazer prece para depois me distanciar dos
nossos irmãos. Não está certo.
O
diretor foi dramático:
- Neste
salão, outro dia, mataram um guarda de 23 anos. Afiaram a colher até ela virar
punhal. Aqui há criminosos com sentenças de duzentos a trezentos anos. Eles
podem te matar.
- Pouco
importa, vim aqui para o encontro e o senhor não me permite abraçar?
O
diretor se conformou com a ideia, mas tratou de organizar uma estratégia de guerra.
Não podia correr o risco de virar notícia de jornal como um dos responsáveis
pela morte de um dos líderes religiosos mais requisitados do país. Chico ouviu
as instruções: teria de ficar atrás da mesa, cada encontro deveria ser rápido,
dezoito baionetas estariam apontadas para o grupo.
Para
desespero do diretor, o espírita ficou na frente da mesa. Ele abraçava e beijava
cada preso. Muitos contavam segredos ou diziam algumas palavras. Tudo ia muito bem
até a chegada de um senhor de quase cinquenta anos. Ele se aproximou e ficou
estático diante do médium. Não estendeu a mão, não aproximou o rosto para o
beijo, não abriu a boca.
Chico
perguntou:
- O
senhor permite que eu o abrace?
-
Perfeitamente.
Após
abraçar o corpo rígido, ele arriscou:
- O
senhor deixa que eu o beije?
- Pode
beijar.
Chico o
beijou de um lado, do outro, duas vezes cada face.
Lágrimas
escorreram dos olhos do preso. Antes de virar as costas, o detento agradeceu:
- Muito
obrigado.
(SOUTO MAIOR,
Marcel. As vidas de Chico Xavier. 2ª Ed. São Paulo: Planeta do Brasil,
2003. p. 223-224)
Maravilhoso o Chico!!
ResponderExcluirNinguém resiste ao amor de Jesus. Interessante esse trabalho com presos. Uma vez ouvi uma palestra do Fiorido (do NEIM) muito legal, na qual ele fala mais ou menos isso que o Chico falou: a diferença entre eles (presos) e nós (soltos) está no fato de ainda não termos sido presos por nossos crimes.
ResponderExcluir"Meu filho, quem de nós não é tratado por número? É número de telefone, de carro, de casa, de CEO, de CIC. Nós estamos com mais números que você. Só que agora estamos na cela ambulante e vocês estão na fixa"
Para refletirmos... Realmente todos temos vários números. Não somos melhores que ninguém, mesmo!
ResponderExcluirPara refletirmos... Realmente todos temos vários números. Não somos melhores que ninguém, mesmo!
ResponderExcluirPara refletirmos... Realmente todos temos vários números. Não somos melhores que ninguém, mesmo!
ResponderExcluirEstamos presos dentro de nós mesmos, o exterior é apenas o reflexo interior..a oração, o auxílio Duplo ( corpóreo e Universal ) ..nos auxiliarão em uníssono!!
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