Segundo
Allan Kardec, todo aquele que sente em grau qualquer a influência dos espíritos
pode ser considerado médium. Pode-se dizer, portanto, que todos nós somos
médium.
Utilizada, às vezes, de maneira irresponsável ou inconsequente, a
mediunidade é famosa em todo o planeta como a capacidade que certas pessoas
possuem para entrar em contato com o mundo espiritual. Mas, colocados de maneira
indissociável, médium e Espírito constituem uma díade muitas vezes
questionável.
A própria imperfeição, característica inerente do ser encarnado, é
suficiente para que se coloquem em dúvida várias comunicações mediúnicas.
Porém, se partíssemos deste princípio, fatalmente concluiríamos que todas as
comunicações mediúnicas são uma fraude ou, se não, uma tentativa de mistificação
por parte do Espírito comunicante.
Deus, ao criar o homem, deu-lhe o dom da mediunidade a fim de que
pudesse através dela minorar o sofrimento humano na Terra. A comunicação com os
espíritos proporciona ao ser humano encarnado (ou encarcerado) a possibilidade
de interagir com seu “habitat” natural, o plano espiritual. Como um filho que
ao fazer uma viagem prolongada tem a oportunidade de contactar seus pais e
familiares através de cartas, telefonemas ou internet, possibilitando-lhe
receber orientações, ajuda e conforto daqueles a quem ama.
A mediunidade, porém, não se presta somente a interesses
particulares. Através dela é possível expandir as possibilidades de ajuda ao
próximo, promovendo o crescimento espiritual de todos os envolvidos no processo
mediúnico.
A comunicação com os espíritos é o ponto concreto da mediunidade,
mas não é o ponto principal.
O espírito Miramez, em seu livro Médiuns, adverte quanto à correspondência direta entre a categoria
dos espíritos comunicantes e as faculdades do bem existentes no medianeiro.
“Como é agradável o médium da alegria, como é grandioso o médium
da paz! Como é extraordinário o médium da caridade e do amor! Essas e outras
faculdades do bem selecionam as entidades para se comunicarem conosco e
sublimar a nossa conversa com o mundo espiritual”.*
Viver em um planeta de provas e expiações é consequência de nossas
imperfeições, mas a consciência que temos deste fato já deveria ser suficiente
para criar em nós um movimento interno revolucionário direcionado à verdadeira
mudança de hábitos.
Quando criança, apenas engatinhamos. É somente pela vontade de
andar que encaramos o cair-levantar constante dos primeiros passos.
Espiritualmente, contudo, ainda somos essa criança, que mal consegue parar-se em pé. Continuamos em
meio a sucessivas quedas e tentativas, mas com total consciência de onde
queremos chegar.
O médium ao fazer a intercessão com o mundo espiritual triplica
sua responsabilidade diante de Deus. É ele o mensageiro de verdades
espirituais. De suas bocas, mãos e gestos saem o conforto, a instrução e,
muitas vezes, a cura. Depende somente de suas atitudes o seu aprimoramento no
trabalho de intercâmbio com a espiritualidade, mantendo-se, em constante
contato com as “boas companhias” do além.
Muitas vezes, são atitudes simples que constroem, de peça em peça,
dentro de nós o alicerce para a nossa revolução íntima.
Miramez, mais uma vez
nos orienta:
“Quando for ouvir alguém desesperado, não deixar que o desespero o
tome. Quando ler alguma página que desfigure o bem, esquecer a influência
maléfica, planejar novos trabalhos para a fé, e investir com alegria,
aumentando esperanças. No lugar em que estiver, se a intriga começar a dominar,
que se coloque em oração com todas as forças da humildade e do amor,
restabelecendo o ambiente com a concórdia. Seja ele (o médium), sempre, um verdadeiro instrumento
da paz”.*
* Referência: MAIA, João Nunes (pelo espírito Miramez). Médiuns.
5.ed. Fonte Viva: Belo Horizonte, 1989.
"A mediunidade, porém, não se presta somente a interesses particulares.". Uma observação que deveria ser sempre feita por quem distorce ou contribui para distorcer o "nome" da mediunidade.
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