quinta-feira, 1 de junho de 2017


Ciúme

Joanna de Ângelis¹ nos traz uma análise acerca do ciúme:

O espírito imaturo, vitimado por desvios de comportamentos em existências transatas, renasce assinalando o sistema emocional com as marcas infelizes disso resultantes.
Inquieto e insatisfeito, não consegue desenvolver em profundidade a auto-estima, permanecendo em deplorável situação de infância psicológica. Mesmo quando atinge a idade adulta possui reações de insegurança e capricho, caracterizando suas dificuldades para um ajustamento equilibrado no contexto social.
Porque a culpa se lhe encontra no íntimo, esse indivíduo não consegue decodifica-la, a fim de libertar-se, ocultando-a na desconfiança que permanece no seu inconsciente, assim experimentando tormentos e desajustes.
Incapaz de oferecer-se em clima de tranqüilidade ao afeto, desconfia das demais pessoas, supondo que também são incapazes de dedicar-se com integração desinteressada, sem ocultar sentimentos infelizes.
Porque não consegue manter um bom nível de auto-estíma, acredita não merecer o carinho nem o devotamento de outrem, afligindo-se, em razão do medo de perder-lhe a companhia. Esse tormento faz-se tão cruel, que se encarrega, inconscientemente, de afastar a outra pessoa, tornando-lhe a convivência insuportável, em face da geração de contínuos conflitos que o inseguro se permite.
Procedentes de uma infância, na qual teve de escamotear a verdade e disfarçar as próprias necessidades por medo de punição ou de incompreensão dos demais, atinge a idade adulta sem a libertação das inseguranças juvenis.
Sentindo-se sempre desconsiderado, porque não consegue submeter aqueles a quem gostaria de amar-dominando, entrega-se aos ciúmes injustificáveis, nos quais a imaginação atormentada exerce uma função patológica.
Atormentado pela autocompaixão, refugia-se na infelicidade, de modo a inspirar piedade, quando deveria esforçar-se para conquistar afeição; subestima-se ou sobrevaloriza-se assumindo posturas inadequadas à idade fisiológica que deveria estar acompanhada do desempenho saudável de ser psicológico maduro.
Quanto mais o indivíduo valorizar o ego, sem administrar-lhe as heranças da inferioridade, mais se atormenta, em face da necessidade do relacionamento interpessoal que, sem a presença da afetividade, sempre torna-se frio, distante, sem sentido nem continuidade.

Desse modo, Joanna de Ângelis nos convida a um olhar apurado concernente às causas do ciúme, bem como alguns de seus desdobramentos nos aspectos emocionais e psicológicos, proporcionando, assim, a identificação de comportamentos desequilibrados inerentes a esse estado.

Também, nessa seara, numa abordagem muito clara, bem expõe Divaldo Franco² trazendo que quando alguém dispuser-se a amar, creia no amor, entregue-se-lhe. Se aparecer outro, que gere traição, o problema não é seu. Se ele – o outro indivíduo, homem ou mulher – o abandonar, pior para ele e não para você, porque aquele que abandona é que se faz infeliz, não o abandonado. Assim mesmo, continue amando.

Divaldo prossegue colocando que as pessoas de natureza instável, amadas ou não, assim continuarão, porque são doentes, portadoras de comportamentos mórbidos. Não são dignas de ser amadas, apesar disso, cumpre-nos amá-las. Viver com ciúme, vigiar, estar com os olhos para lá e para cá, torna-se um infortúnio, porque é sempre uma inquietação, aguardando alguns momentos de prazer. O amor legítimo confia. Quando não há essa tranquilidade, não é amor, mas desejo de posse, tormento. É um desvio de comportamento afetivo.

Complementa Joanna, recomendando-nos que trabalhar a emoção, reflexionar em torno dos sentimentos próprios e do próximo constituem uma saudável psicoterapia para a aquisição da confiança em si mesmo e nos outros.
Trechos do livro Conflitos Existenciais,  psicografia de Divaldo Franco, pela sua orientadora espiritual Joanna de Ângelis.
² Texto do livro Divaldo Franco Reponde Vol. 2

(Por Claudia Costa)



 Revista Joseph Gleber - Ano 1 - Edição 6 -  Junho/Julho 2017


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