Ciúme
Joanna de Ângelis¹ nos
traz uma análise acerca do ciúme:
O espírito imaturo, vitimado por desvios de comportamentos em
existências transatas, renasce assinalando o sistema emocional com as marcas
infelizes disso resultantes.
Inquieto e insatisfeito, não consegue desenvolver em profundidade
a auto-estima, permanecendo em deplorável situação de infância psicológica.
Mesmo quando atinge a idade adulta possui reações de insegurança e capricho,
caracterizando suas dificuldades para um ajustamento equilibrado no contexto
social.
Porque a culpa se lhe encontra no íntimo, esse indivíduo não
consegue decodifica-la, a fim de libertar-se, ocultando-a na desconfiança que
permanece no seu inconsciente, assim experimentando tormentos e desajustes.
Incapaz de oferecer-se em clima de tranqüilidade ao afeto,
desconfia das demais pessoas, supondo que também são incapazes de dedicar-se
com integração desinteressada, sem ocultar sentimentos infelizes.
Porque não consegue manter um bom nível de auto-estíma, acredita
não merecer o carinho nem o devotamento de outrem, afligindo-se, em razão do
medo de perder-lhe a companhia. Esse tormento faz-se tão cruel, que se
encarrega, inconscientemente, de afastar a outra pessoa, tornando-lhe a
convivência insuportável, em face da geração de contínuos conflitos que o
inseguro se permite.
Procedentes de uma infância, na qual teve de escamotear a verdade
e disfarçar as próprias necessidades por medo de punição ou de incompreensão
dos demais, atinge a idade adulta sem a libertação das inseguranças juvenis.
Sentindo-se sempre desconsiderado, porque não consegue submeter
aqueles a quem gostaria de amar-dominando, entrega-se aos ciúmes
injustificáveis, nos quais a imaginação atormentada exerce uma função
patológica.
Atormentado pela autocompaixão, refugia-se na infelicidade, de
modo a inspirar piedade, quando deveria esforçar-se para conquistar afeição;
subestima-se ou sobrevaloriza-se assumindo posturas inadequadas à idade
fisiológica que deveria estar acompanhada do desempenho saudável de ser
psicológico maduro.
Quanto mais o indivíduo valorizar o ego, sem administrar-lhe as
heranças da inferioridade, mais se atormenta, em face da necessidade do
relacionamento interpessoal que, sem a presença da afetividade, sempre torna-se
frio, distante, sem sentido nem continuidade.
Desse modo, Joanna de Ângelis nos convida a um olhar apurado
concernente às causas do ciúme, bem como alguns de seus desdobramentos nos
aspectos emocionais e psicológicos, proporcionando, assim, a identificação de
comportamentos desequilibrados inerentes a esse estado.
Também, nessa seara, numa abordagem muito clara, bem expõe Divaldo
Franco² trazendo que quando alguém dispuser-se a amar, creia no amor,
entregue-se-lhe. Se aparecer outro, que gere traição, o problema não é seu. Se
ele – o outro indivíduo, homem ou mulher – o abandonar, pior para ele e não
para você, porque aquele que abandona é que se faz infeliz, não o abandonado.
Assim mesmo, continue amando.
Divaldo prossegue colocando que as pessoas de natureza instável,
amadas ou não, assim continuarão, porque são doentes, portadoras de
comportamentos mórbidos. Não são dignas de ser amadas, apesar disso, cumpre-nos
amá-las. Viver com ciúme, vigiar, estar com os olhos para lá e para cá,
torna-se um infortúnio, porque é sempre uma inquietação, aguardando alguns
momentos de prazer. O amor legítimo confia. Quando não há essa tranquilidade,
não é amor, mas desejo de posse, tormento. É um desvio de comportamento afetivo.
Complementa Joanna, recomendando-nos que trabalhar a emoção,
reflexionar em torno dos sentimentos próprios e do próximo constituem uma
saudável psicoterapia para a aquisição da confiança em si mesmo e nos outros.
Trechos do livro Conflitos
Existenciais, psicografia de Divaldo Franco, pela sua orientadora
espiritual Joanna de Ângelis.
² Texto do livro Divaldo Franco Reponde
Vol. 2
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