Respondente: André Sobreiro (trabalhador e palestrante da casa espírita Portal de Luz, Severínia, São Paulo)
Pergunta: Todos aqueles que têm mediunidade ostensiva precisam
desenvolver em “mesas” mediúnicas? Há alguma tradição que explique a crença?
A pergunta nos remete ao conceito do
livre-arbítrio, brilhantemente explicado por Allan Kardec (e os Espíritos) em
“O Livro dos Espíritos”, livro III, cap. IX, chamado “Lei de Liberdade”.
Sabemos através dos estudos da citada obra,
que nossa liberdade se amplia mediante o nosso amadurecimento. Quanto mais
maduro o espírito, menor o risco de queda e maior a liberdade.
Portanto, neste contexto de liberdade
relativa, podemos decidir se abraçamos (ou não) o trabalho mediúnico.
Porém, não podemos ignorar a necessidade do
entendimento quanto aos motivos que nos levarão a tomar essa decisão, já que a
liberdade do Espírito imperfeito (“O Livro dos Espíritos”, livro II, cap. I –
Escala Espírita) é relativa e limitada. Devemos realmente nos abster de usar as
faculdades que trazemos, embora possamos fazê-lo?
Muitas vezes, o médium nega-se a participar do
exercício mediúnico por medo, sentimento que geralmente reflete as falhas
cometidas no processo de preparação do medianeiro.
Se ainda há, no psiquismo do medianeiro,
receio exacerbado com relação à obsessão, pressão espiritual, perseguição, ou
mesmo quanto à manifestação dos irmãos necessitados, esse medo mostra o pouco
entendimento dos princípios fundamentais do Espiritismo, assim como quanto ao
papel do médium nas comunicações (“O Livro dos Médiuns”, 2ª parte, cap. XIX).
Outra possibilidade seria a gama de crenças
que o ser traz em si, pois sabemos que as construções atávicas (passado, outras
encarnações) afetam nosso presente. Nossas ações de hoje são pautadas por
nossas crenças, valores (morais) e objetivos. Crenças contrárias ao uso da
mediunidade, armazenadas no inconsciente do trabalhador, podem obstar o
exercício, pelos bloqueios mentais que podem causar.
Sanadas essas questões (medo,
crença limitante), o médium poderia “aventurar-se” pelo exercício mediúnico de
forma mais segura, sempre acompanhado pelo estudo de “O Livro dos Médiuns”.
Voltando ao livre-arbítrio (e suas
limitações), lembremo-nos do apóstolo Paulo, em sua 1ª epístola aos moradores
de Corinto, cidade grega. No 10º capítulo, versículo 23, o amigo da Gentilidade
nos oferta a famosa recomendação:
- Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém.
A 1ª oração reflete o livre-arbítrio,
liberdade ofertada por Deus possibilitando-nos as escolhas dos caminhos a
trilhar. Já a 2ª mostra a limitação, a relatividade. Segundo ela, as ações
contrárias à lei de Deus “não convém”, pois trarão consequências desagradáveis,
desastrosas às vezes.
Podemos acrescentar a essa reflexão, a
belíssima informação (simbólica) trazida por “Ferdinando, Espírito protetor” em
“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. VII:
- A natureza do instrumento não está a indicar
a que utilização deve prestar-se?
A ferramenta mediúnica indica a necessidade do
seu uso no socorro dos irmãos desencarnados sofredores, bem como no intercâmbio
natural entre o plano maior e o mundo material.
Perfeito meu amigo André! Excelente esclarecimento.
ResponderExcluirGratidão
Veio no momento certo esse estudo! Precisava disso! Gratidão!😊🙏
ResponderExcluir